As altas temperaturas que afetaram as principais regiões produtoras de cafés no Brasil durante o mês de fevereiro podem complicar ainda mais a situação do produto, um dos alimentos que ficaram mais caros em 2024, levando até a inserção de produtos ‘fakes’ no mercado. O calor está prejudicando diretamente a fase de enchimento de grãos nas plantas, impulsionado ainda pela falta de chuvas nas regiões cafeeiras, como Minas Gerais, por exemplo. Agrônomos alertam que essas condições, que provocam estresse térmico e hídrico, podem ainda comprometer totalmente a produção.
A fase de enchimento de grãos é um dos estágios finais da produção, mas para que ele ocorra de forma adequada para a produção agrícola, a planta necessita de um suprimento adequado de água e nutrientes essenciais para formar o grão de café.
Em condições de temperatura e água consideradas normais, os nutrientes e açúcares são transportados das folhas e ramos para os frutos por meio do floema. No entanto, com o estresse térmico e hídrico, o cafeeiro adota mecanismos de defesa para minimizar a perda de água, como o fechamento dos estômatos – estruturas responsáveis pela troca gasosa e controle da transpiração. Esse fechamento impede a absorção e translocação de nutrientes para os grãos, resultando em uma nutrição deficiente e afetando diretamente o processo de enchimento.
Com a deficiência de nutrientes e água, os frutos de café tem desenvolvimento irregular, originando grãos chochos. Em casos mais severos, ocorre a formação do chamado “coração negro” – uma necrose do grão, resultado do colapso celular causado pelo estresse hídrico extremo.
A baixa qualidade e a redução do peso dos grãos impactam diretamente o rendimento da safra e o café, que já vem sofrendo altas consideráveis de preços desde a safra 2024, deve subir mais em 2025.
BAND/UOL